Apresentação, Educação, Serviços, Equipe, Galeria de Fotos, Na mídia

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Defenestraram Isabela

Há alguns dias atrás descobri o signicado da palavra "Defenestrar" e olhem só o que quer dizer:

-Lançar alguém ou alguma coisa por uma janela ou varanda.

Recordei-me na hora da "menina Isabela". E alegremente pensei: -Faz tempo que não passa nada na Tv sobre ela, será que o pai e a madrasta ainda estão presos? Será que ficarão por lá? Quanto tempo? Onde? E o relacionamento com os outros presos? Cela especial?

Despertei do pensamento e me indaguei: E daí? O que que eu tenho a ver com isso?

Essa estória já deu o que tinha que dar, por que é que eu espero a resolução deste caso como quem espera o desfecho da trama novelesca? Me centrei: Essa porra passou tantas vezes em tantos canais de tv, manchetes de jornais, internet, que eu, como tantos outros sem querer já estava antenado, boiando nesse lixo sensacionalista por pura osmose. Porém com muito menos fervor que um boa parte da população expectadora do fato. No apogeu do acontecido me lembro de situações extraordinárias como quando no início das investigações o "casal Nardoni" foi depor e uma multidão afoita esperava, com ansia de cães famintos, chingando, empurando, lançando objetos nos dois, entre outras coisas, me lembro ter visto um grafite de grandes propoções próximo ao term. João Dias que trazia ao centro o rosto da menina com asas de anjo, a sua esquerda o pai com chifres e olhos vermelhos e a sua direita a madrasta também caracterizada como o pai acompanhada dos dizeres: "Ah se fosse no Capão!! Se fosse no EUA vocês já tavam fritando na cadeira elétrica", me recordo das conversas de ônibus com falas do tipo: Cadê a justiça deste país? O que leva um pai à fazer isso com uma filha? Se fosse meu filho que tivesse feito isso com minha neta eu mesmo matava ele!!! Me parece que o povo na falta de poder viver sua própria vida, entregue à pesadas rotinas de trabalho nos subempregos, (como as mães das milhares de periferias espalhadas por aí que cuidam de filhos de patrões enquanto seu filho tem a rua como mãe) acabam por viver a vida de qualquer personagem da novela ou da vida real, menos a própria. E o pior é pedir justiça...Como assim? Em que mundo vive quem pede justiça num caso destes? Não sabe que a justiça não é feita por nós periféricos? Não é para nós? Não sabe que a justiça não é tão popular como o fantástico, que aglutinou milhares de pessoas da audiência quando conseguiu uma bombástica entrevista com o "casou Nardoni", que sei lá, mais me passou ser uma estratégia dos advogados, por sinal o pai do próprio Alexandre é advogado, e tentou e tenta desesperadamente livrar o filho daquilo que o mesmo não pode fazer, ENCRENCA! Pensem comigo, Alexandre Nardoni se difere em que dos jovens que atearam fogo no índio Galdino? Dos jovens que espancaram a doméstica carioca com o pretesto de te-la confundido com uma profissional do sexo? Essa é a cara do jovem classe média alta Brasileira, educado para fazer o que bem entender, com quem bem entender, por não ter recebido afeto, nem limite dos pais, não pode fazer o mesmo com os filhos nem com ninguém, compreende que o dinheiro compra tudo e no caso deles realmente compra, mas um dia a festa acaba e a ressaca é na maioria das vezes pesada.

O Engraçado é ver o poder que a mídia tem nesses casos, ascenção e queda são dois lados da mesma moeda, são monstros quando se quer e anjos quando é conveniente, tenho a impressão que mesmo que fossem inocentes teriam ido para prisão, a opnião pública levou o caso nas costas, o povo já se sentia íntimo da menina, cheguei a ver numa viela perto de casa um cartaz escrito por crianças com certeza, pela caracteristica da letra e pelo dizer: - Isa nós te amamos, deus te espera para uma festa!!

A mídia tornou a mãe de Isabela numa estrela, cheguei a ver em rede pública na chamada da cobertura de um evento pela paz organizado pelo padre Marcelo a seguinte vinheta: -Presença de chitãozinho e chororó, Leonardo, Rio negro e Solimões e Mãe da menina Isabela. O duro é pensar que daqui uns anos poderemos ve-la dando palestras em universidades ou tocando uma ONG em pról da paz, mas que paz? Pra quem?

Os comentaristas da globo chegaram a "filosofar" sobre o caso, dizendo que as pessoas estavam projetando toda a violência que a sociedade faz com as crianças neste caso isolado. Cá entre nós, pode até ser, mas com o supra apoio da mídia bombardeando nossas casas com manchetes novas a cada momento como podemos não ter uma postura perante o fato? É como não ter assistido o Tropa de Elite, todos sabem mesmo, sem querer o início e o final do acontecido, e saem por aí ainda distribuindo terminologias preparadas para virar chavão tipo: -Pede pra sair!!!-Pede pra sair!!!-Pede pra sair!!!

Isabela não pode pedir para sair, nem pra ficar, vítima? Sim, mas nem um pouco melhor do que as milhares de crianças que morrem nas quebradas diversas por aí, por consequência de pais desequilibrados, ou por fome, abandono, falta de informação...

E o Gran finale já é sabido a mídia também defenestrou Isabela, assim que ela não tinha mais serventia para o ibope. Vale lembrar que o estatuto da criança e do adolescente fará 18 anos mês que vem e não podemos esquecer que todas as crianças precisam de auxilio para seu pleno desenvolvimento, ricas, negras, pobres, índias, brancas...assim sendo teremos adultos mais saudáveis física e psicologicamente. A mídia deveria lembrar que direitos e deveres são pra todos.

Por Daniel FagundeS.


Nenhum comentário:

Postar um comentário