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A Zagaia tem a honra de publicar aqui uma posição rara de um diretor que preferiu enfrentar as possíveis reações retaliativas dos burocratas da cultura a abrir mão de seus princípios. Adirley Queirós retirou seu filme “A cidade é uma só?” da competição do Festival de Brasília, em protesto contra os equívicos e posições da nova direção do festival aqui já retratados (Festivais de cinema – a flor renascerá no monturo?). Ele coloca abaixo suas razões. Na última semana o festival anunciava orgulhosamente a presença do indescritível José Dirceu, para participar do seminário “Novas perspectivas para o cinema e para o audiovisual brasileiro”. Compõe o debate uma trupe sinistra de pelegos institucionais e cineastas oficiais, mostrando o triste destino do mais tradicional festival do Brasil. O Festival não mentiu e está de cara nova. Quando tira a máscara tem o rosto de José Dirceu e Luis Carlos Barreto.
CARTA DE ADIRLEY QUEIRÓS PARA O FESTIVAL DE BRASÍLIA
Prezad@s,
Em consideração as pessoas que gostam de cinema e que, eventualmente, teriam o interesse em assistir ao trabalho que realizamos, venho informar que estamos retirando o filme “A CIDADE É UMA SÓ?” do Festival de Cinema de Brasília. Os motivos já estão expostos durante todo esse ano e seria redundância dizer o que todo mundo sabe, comenta, porém silencia.
Fazemos filmes não só para serem feitos. Fazemos filmes buscando outra perspectiva estética e política (não partidária, e sim política). Fazemos filmes para que eles sejam, no mínimo, um pequeno reflexo da nossa condição cultural, social e econômica. Fazemos filmes do local onde estamos, do nosso local de fala. Ir contra esses princípios mínimos seria uma incoerência. Exibir o filme neste Festival, neste momento que se configura, seria legitimar posturas arrogantes, autoritárias e, acima de tudo, reacionárias.
Aquilo que o festival está chamando de avanços, julgo reacionários: Deslegitimar a classe cinematográfica local; Desconsiderar o nosso processo histórico por salas de cinema em CEILÂNDIA (falo aqui pela CEICINE); Fechar as portas do Festival a um outro tipo de cinema que cada dia é mais vigoroso no Brasil e no mundo ; Transformar o festival em um pastiche, em um moribundo com cara de qualquer coisa. Isso são avanços?
Creio que não.
Não podemos mais nos silenciar frente ao desrespeito que estamos sendo tratados pela coordenação deste Festival.
Adirley Queirós.
Diretor do Filme “A CIDADE É UMA SÓ?”
CEICINE (COLETIVO DE CINEMA EM CEILÂNDIA)
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ResponderExcluirMnadou muito na "linha dura" o Adirley Queirós. Atravessador e ladrão têm que ser expurgado desse país. Legal vocês reproduzirem a carta. Um abraço
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